Este projeto analisa as articulações, teóricas e empíricas, entre conservadorismo e liberalismo no Brasil contemporâneo. Para tanto, investiga as mediações entre os estilos de vida associados ao "homem médio", a produção ideológica e a formação de visões de mundo que articulam conservadorismo e liberalismo. Por "homem médio", entende-se uma nova posição social que emerge ao longo do ciclo neodesenvolvimentista e cuja principal característica é a posse de quantidades de capitais – econômico, cultural e social – típicos da classe a que reconhece pertencer, mas insuficientes para lhes garantir o status correspondente a essa classe e uma posição social nela estável. Insegurança do status e risco da decadência social seriam, assim, as principais características da vida do "homem médio" e se manifestariam de maneiras diferentes em cada classe social, mas, sociologicamente, seria comum a todas, embora relativamente. Isso significa que o "homem médio" é uma posição social diferencial e transversal em termos de estratificação social e no que se refere ao horizonte próprio de justificações éticas e morais que assentam visões de mundo e ideologias. Para desenvolver tais hipóteses, a pesquisa recorre ao debate teórico sobre os sistemas de ideias liberais e conservadoras tal qual formulado no Brasil contemporâneo, investigando seus circuitos de enunciação e circulação - nacional e internacional-, bem como promove a investigação empírica acerca dos estilos de vida do homem médio nas variadas posições na estratificação social.