Octavio Ianni (1926 - 2004) foi um dos maiores intelectuais do século XX. Autor de uma infinidade de ensaios, artigos e livros, dedicou parte substantiva de sua vida acadêmica a compreender as relações entre escravidão e capitalismo na periferia do mundo, as transformações impostas à vida social pela globalização e as realização das ideias e de seus portadores nos trópicos. No entanto, quem o conheceu pelos corredores da universidade também diz que o velho professor costumava repetir que aprendia mais com desenhos animados do que lendo alguns calhamaços.
2024 marcou o vigésimo ano da morte deste intelectual que combinava leituras rigorosas ao que aprendia em outras esferas do cotidiano. Em 2026, por sua vez, a efeméride a ser lembrada será a do centenário de nascimento do sociólogo de Itu. Esta data merece ser recordada, uma vez que Ianni é parte substancial da história da Sociologia brasileira. Bem como da tradição intelectual do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mais especificamente do Departamento de Sociologia - onde voltou às salas de universidades públicas em 1986, durante o período da redemocratização.
O projeto “Octavio Ianni, 100” pretende auxiliar na construção da fortuna crítica de Octavio Ianni e da memória intelectual do Departamento de Sociologia do IFCH - Unicamp. Para tanto, propomos recuperar um de seus últimos cursos ministrados na Unicamp: Sociologia de Marx para o Curso de Graduação em Ciências Sociais no segundo semestre de 1998. As aulas estão gravadas em 17 fitas cassetes doadas ao Arquivo Edgard Leuenroth (AEL - Unicamp) por Andriei Gutierrez em 2017. O projeto pretende transcrevê-las e, a partir disso, organizar publicações e eventos em homenagem a Ianni a fim de rediscutir as ideias deste importante intelectual no ano de seu centenário de nascimento.